domingo, 13 de março de 2011

Caso de hipoglicemia num canídeo

Histórico:

Um boxer, macho, com oito anos de idade, que apresenta convulsões, fraqueza e confusão mental quando se aproxima a hora de ser alimentado.

Exame clínico:

Os resultados do exame clínico do cão, incluindo o exame neurológico, estavam dentro dos limites normais. O nível de glicose sérica, em jejum, era de 29 mg/dL (o valor normal está entre: 70-110 mg/dL) e a relação entre os níveis séricos de insulina e glicose estava significativamente elevada.

Comentário:

Os neurónios dependem principalmente de oxigénio e glicose como metabólitos para a produção de energia de ATP e não conseguem armazenar quantidades apreciáveis de glicose. O ATP é necessário para a manutenção do potencial eléctrico da membrana. Quando privado de glicose e subsequentemente de ATP, o cérebro deixa de funcionar adequadamente; os sinais clínicos incluem convulsões, fraqueza e confusão mental. Neste canídeo, estes sinais eram mais comuns na hora da alimentação visto que a insulina era libertada à medida que o canídeo previa a ingestão do alimento/quando começava a ingeri-lo, o que causava hipoglicemia.
Neste caso, a proporção de insulina em relação à glicose está elevada, provavelmente devido a uma neoplasia pancreática que secreta insulina. Como a insulina facilita o transporte de glicose pelas membranas celulares, o seu excesso promove a transferência de um excesso de glicose sérica para o citoplasma de outras células do corpo, privando assim os neurónios desse metabólito fulcral.

Tratamento:

Os insulinomas normalmente podem ser encontrados e removidos do pâncreas cirurgicamente. Após a remoção cirúrgica da neoplasia, o tratamento médico é obrigatório para manter a normoglicemia. As medicações incluem glucocorticóides, de forma a estimular a gliconeogénese; diazóxido, para inibir a secreção de insulina; estreptozocina, que é tóxica para as células-beta; e somatostatina, que aumenta a gliconeogénese.
Há um alto índice de metástases neste tipo de neoplasia, o que significa que podem permanecer outros focos tumorais no fígado e noutros locais, produzindo insulina em excesso.



Fonte: Tratado de Fisiologia Veterinária

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